Nada demais aconteceu entre ontem e hoje. Então, resolvi fazer algo que já estava elaborando há tempos... vou postar algumas dicas e informações para aqueles que pretendem pisar por essas terras ou mesmo aqueles que somente são curiosos.
Metro:
Em primeiro lugar, se fala métro e não metrô.
É super fácil andar por aqui de Metro. Há quatro linhas: a azul, a verde, a amarela e a vermelha. Todas se cruzam em pelo menos um ponto e não se paga nada para mudar de uma linha para a outra. Todas as estações têm mapas e realmente não é difícil se localizar quando se sai dos trilhos.
No quesito conforto, deixa a desejar. Não tem ar condicionado ou ventilação. Em alguns horários - especialmente a linha amarela - os vagões ficam lotados e muito quentes (pra não falar do cheirinho...). As cadeiras são razoáveis. A melhor coisa é que não demora nada a passar em qualquer estação. Perdeu um, logo vem outro.
Cuidado: aqui as pessoas mais inimagináveis podem te empurrar na hora de passar pela "roleta" (na verdade, são duas portinhas de vidro retráteis) para não terem que pagar. Ouvi dizer que o de Paris é assim também, até pior. Quando eu for lá, aviso a vocês.
Tem uma coisa meio cultural que é esperar todo mundo sair do vagão antes de vc entrar, mesmo que tenha espaço pra passarem dois ao mesmo tempo.
Outra coisa: quase sempre há de se subir ou descer escadas rolantes para chegar à linha ou sair dela. As pessoas que pretendem esperar o curso e a velocidade natural das coisas devem encostar-se no lado direito da escada. Pelo lado esquerdo, sempre passam apressados que continuam a subir a pé, mesmo que lá por cima tenham que esperar do mesmo jeito. Mas enfim, é outra coisa cultural mesmo e as pessoas se irritam se vc encosta do lado esquerdo e fica parado.
Até existem caixas com pessoas atendendo onde se pode comprar o bilhete, mas quase nunca funcionam. É tudo automático, tem um computadorzinho onde vc escolhe o tipo de bilhete, deposita as moedas ou notas numa entrada e retira o troco - caso haja - e o bilhete escolhido, pá-pum, rapidinho. Há vários tipos de bilhete, mas pra quem vem ficar pelo menos umas semanas, vale mais a pena fazer o passe que dura um mês. Ele pode ser usado quantas vezes por dia vc quiser, sem limites de viagem. Pode servir só para as linhas do Metro ou também para o Carris (empresa de ônibus - aqui, autocarros). Se só vai ficar poucos dias, compensa mais pagar o bilhete diário, também sem limite de viagens, contanto que num período de 24 horas. Este custa 3,75 euros.
Ah, cuidado na estação Cais do Sodré, uma das principais aqui, porque as escadas rolantes dão choque! Suba sem encostar no corrimão!
Em matéria de segurança, disseram-me para não "dar mole" tarde da noite (especialmente sozinha) nas estações Martim Moniz e Intendente. Entretanto, eu mesma nunca tive nenhum problema.
Já que estamos no assunto transportes, vou falar um pouquinho dos autocarros também. Estes sim, são bastante confortáveis. Espaçosos, com poltronas confortáveis. Nada a ver com o busão que a gente se conforma em pegar todos o dias no Brasil.
Em todas as paragens (aqui não se diz "ponto", se diz "paragem") tem um placar com o tempo que falta para cada linha passar. E é eficiente, se diz que o próximo é em 4 minutos, vai esperar quatro minutos mesmo. Nem mais, nem menos. Ainda não peguei trânsito aqui, provavelmente porque também quase não ando de autocarro, ainda mais nos horários de rush. Quase sempre os pego de madrugada, porque o Metro fecha à 1:00 e reabre às 6:30.
Existem várias linhas especiais, para todos os pontos da cidade, chamadas "linhas da madrugada". Nas paragens dá pra ver os horários (que são fixos, mas mudam de acordo com o dia da semana e a estação do ano)que o próximo autocarro vai passar.
Tanto no Metro quanto nos Carris tem um placar eletrônico que anuncia (escrito e também falado) qual será a próxima estação/paragem, então não é muito fácil se perder.
Algumas estações de Metro de interesse:
Arroios - linha verde: essa é a minha, portanto, a mais importante!
Baixa-Chiado / Rossio - ambas linha verde: deixa você bem no coração da cidade, onde tem lojas, restaurantes, cafés, teatros etc.
Cais do Sodré - linha verde: é a última estação dessa linha e te deixa na beira do Tejo. Tem um píer e uns bares bem legais.
Oriente - linha vermelha: sai de frente para o Centro Comercial (vulgo, shopping) Vasco da Gama. Pertinho do Parque das Nações e do Oceanário também.
Avenida / Restauradores - ambas linha azul: nessa rua, ou melhor, nessa avenida chamada Av. da Liberdade, tem várias coisas legais, desde o Hard Rock Café até lojas badaladérrimas como Prada, Armani, Louis Vuitton e outras.
Colégio Militar-Luz - linha azul: te deixa literalmente dentro de um dos maiores shoppings daqui, o Centro Comercial Colombo.
Terreiro do Paço - linha azul: além de te deixar à beira do Tejo, fica - como o nome diz - pertinho da Praça do Comércio, onde está o Terreiro do Paço. Fica pertinho também da Rua Augusta, outra rua badalada daqui, cheia de lojas e restaurantes e coisa e tal.
Bem, a linha amarela é a que vai pra Cidade Universitária, onde está a minha Faculdade, mas tirando isso, não tem nada de tão interessante por lá.
Ufa, acho que chega de coisas sobre o Metro!
Basta dizer que é bastante eficiente e fácil de usar.
Amanhã postarei alguma outra dica sobre alguma outra coisa que ainda não resolvi...
Até lá!
Beijos
Assim é como eu vejo as coisas e as cores do outro lado do oceano. Estou aqui e sinto a vontade de me expressar mais, de registrar o que está acontecendo. Memórias. Experiências. Aprendizado. Esta é a MINHA Lisboa. Enjoy.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
ab initio
Há três dias fez um mês que estou aqui. Mais parece um ano... O tempo aqui não é cronológico, é metafísico. Parece que sempre fui daqui, que já conheço tudo. Acho que é culpa da minha falta de habilidade de desenvolver raízes. Não sinto falta do Brasil. Das pessoas, claro que sinto. Amigos, família, marido, gato-filho... mas de certa forma parece que já estou distante o suficiente pra não deixar isso me afetar (espero que isso não soe mal, não sei se me expressei bem). Talvez no inverno piore, talvez bata uma deprê de leve... Internet facilita bastante as coisas. Tenho falado o máximo que posso com as pessoas queridas dos trópicos e isso tem me ajudado a manter o equilíbrio interno. Também sei que todos querem que eu esteja aqui e que eu aproveite ao máximo essa oportunidade. Talvez por isso eu esteja tão bem.
Lisboa é uma cidade muito engraçada. Não dá pra definir bem se é velha ou nova. Tem dessa coisa meio heideggeriana de se abrir velando e vice-versa. É tudo muito desconexo, meio aleatório, pois descubro lugares incríveis nos espaços mais incomuns... A cidade parece ter vida (se bem que isso acho que todas as cidades parecem ter)e interagir comigo diretamente. É ritmo. É sentir a cidade nas pedras do Castelo dos Mouros, que estão lá há mais de dez séculos, por exemplo. Sim, eu sei que o Castelo dos Mouros é em Sintra, mas dá no mesmo.
As ruas são incríveis, são subidas e decidas incansáveis, com uma surpresa a cada esquina. Na Baixa-Chiado, por exemplo, tem dezenas de livrarias antigas escondidas entre casas de gente comum e cafés. É uma delícia andar a pé o dia todo, horas a fio, conhecendo os lados bes que os turistas geralmente deixam passar, mas que ao mesmo tempo só o estrangeiro sabe valorizar. Eu gosto de ser estrangeira aqui.
As pessoas daqui são muito diferentes das do Brasil. Mas não tem nada a ver com essa nossa idéia de serem grossas ou mal-educadas. É cultural! São muito práticos, pragmáticos, sarcásticos. Mas é tudo muito natural, por isso não vejo razão para me incomodar. Acho que quem se submete à imersão em qualquer outra cultura tem que, acima de tudo, respeitá-la.
Ainda não consegui formar uma opinião exata sobre os jovens daqui. Talvez pelo fato de todos (ou quase) os meus amigos (sim, aqui fazem-se amigos em uma semana) serem estrangeiros. Ando com espanhóis, italianos, alemães, turcos, brasileiros, checos, polacos e alguns outros de algum lugar do mundo. Adoro esse intercâmbio de informação, língua, gosto, experiência. Acho que convivendo com eles estou aprendendo muito mais que qualquer universidade poderia me ensinar. (Calma vó, isso não quer dizer que eu não estou interessada em aprender nada na universidade!)
Aliás, o ensino aqui não é nada demais, falo mesmo. Não é que seja ruim, mas não super a UFF, nem de longe. Penso que seja porque aqui graduação não é nada demais, não é sequer uma especialização, isso fica pro mestrado e tudo o que vem depois dele. É quase como se fosse banal um jovem frequentar a universidade aqui. Não é nada demais, é comum, todos o fazem. Talvez por isso o ensino não seja tão "sério" (se bem que "sério" não é a palavra certa, acho que rígido cai melhor). Parêntese: O departamento de estudos clássicos é um pouco melhor, mais dedicado eu acho. As cadeiras de grego estão sendo as melhores até agora. Fecha parêntese. Aqui nem existe pesquisa na graduação, os professores na verdade se espantam se vc menciona algum tipo de investigação científica ou trabalho com fontes ou qualquer estudo um pouco mais profundo sobre um tema. Apresentei um projeto que já havia iniciado no Brasil para um professor de uma disciplina ligada ao tema e ele pediu pra eu simplificar as coisas! "Não, não, isso tá muito desenvolvido, quero coisas mais simples, fale sobre menos coisas, não estou buscando nenhum trabalho sério". Basicamente isso foi o que ele disse. Espero que quando eu esteja aqui novamente para mestrado as coisas mudem. Mas está valendo tudo a pena, até porque é um universo completamente diferente, desde os alunos até os professores, passando pelas instalações dos prédios. É tudo experiência.
Claro que, entre livros e artigos, também estou aproveitando todas as oportunidades de sair, conhecer outros lugares, outras pessoas, viajar e tudo o mais. Neste fim de semana que passou aluguei um carro com mais quatro amigos e dirigimos trezentos quilômetros para o sul. Lagos, Algarve. Maravilhoso. Daqui a pouco faremos a mesma coisa para o norte. Depois cruzaremos as fronteiras... o céu é o limite!
Mês que vem tenho três viagens já fechadas: Milão - Marraquexe - Londres. Em dezembro quero mais... descobri que viajar é a melhor forma de gastar em euros sem se arrepender! Tudo vale a pena!
Criei esse blog pra poder documentar e dividir uma centelha do que estou vivendo aqui. É bom pra mim, que exercito a arte que tanto gosto de escrever, e bom para os meus queridos do Brasil, que têm agora mais um meio de saber o que tenho feito.
Vou tentar postar novidades sempre que puder.
Leiam e comentem sempre que puderem também.
Beijos alegres e animados com o que está por vir!
Lisboa é uma cidade muito engraçada. Não dá pra definir bem se é velha ou nova. Tem dessa coisa meio heideggeriana de se abrir velando e vice-versa. É tudo muito desconexo, meio aleatório, pois descubro lugares incríveis nos espaços mais incomuns... A cidade parece ter vida (se bem que isso acho que todas as cidades parecem ter)e interagir comigo diretamente. É ritmo. É sentir a cidade nas pedras do Castelo dos Mouros, que estão lá há mais de dez séculos, por exemplo. Sim, eu sei que o Castelo dos Mouros é em Sintra, mas dá no mesmo.
As ruas são incríveis, são subidas e decidas incansáveis, com uma surpresa a cada esquina. Na Baixa-Chiado, por exemplo, tem dezenas de livrarias antigas escondidas entre casas de gente comum e cafés. É uma delícia andar a pé o dia todo, horas a fio, conhecendo os lados bes que os turistas geralmente deixam passar, mas que ao mesmo tempo só o estrangeiro sabe valorizar. Eu gosto de ser estrangeira aqui.
As pessoas daqui são muito diferentes das do Brasil. Mas não tem nada a ver com essa nossa idéia de serem grossas ou mal-educadas. É cultural! São muito práticos, pragmáticos, sarcásticos. Mas é tudo muito natural, por isso não vejo razão para me incomodar. Acho que quem se submete à imersão em qualquer outra cultura tem que, acima de tudo, respeitá-la.
Ainda não consegui formar uma opinião exata sobre os jovens daqui. Talvez pelo fato de todos (ou quase) os meus amigos (sim, aqui fazem-se amigos em uma semana) serem estrangeiros. Ando com espanhóis, italianos, alemães, turcos, brasileiros, checos, polacos e alguns outros de algum lugar do mundo. Adoro esse intercâmbio de informação, língua, gosto, experiência. Acho que convivendo com eles estou aprendendo muito mais que qualquer universidade poderia me ensinar. (Calma vó, isso não quer dizer que eu não estou interessada em aprender nada na universidade!)
Aliás, o ensino aqui não é nada demais, falo mesmo. Não é que seja ruim, mas não super a UFF, nem de longe. Penso que seja porque aqui graduação não é nada demais, não é sequer uma especialização, isso fica pro mestrado e tudo o que vem depois dele. É quase como se fosse banal um jovem frequentar a universidade aqui. Não é nada demais, é comum, todos o fazem. Talvez por isso o ensino não seja tão "sério" (se bem que "sério" não é a palavra certa, acho que rígido cai melhor). Parêntese: O departamento de estudos clássicos é um pouco melhor, mais dedicado eu acho. As cadeiras de grego estão sendo as melhores até agora. Fecha parêntese. Aqui nem existe pesquisa na graduação, os professores na verdade se espantam se vc menciona algum tipo de investigação científica ou trabalho com fontes ou qualquer estudo um pouco mais profundo sobre um tema. Apresentei um projeto que já havia iniciado no Brasil para um professor de uma disciplina ligada ao tema e ele pediu pra eu simplificar as coisas! "Não, não, isso tá muito desenvolvido, quero coisas mais simples, fale sobre menos coisas, não estou buscando nenhum trabalho sério". Basicamente isso foi o que ele disse. Espero que quando eu esteja aqui novamente para mestrado as coisas mudem. Mas está valendo tudo a pena, até porque é um universo completamente diferente, desde os alunos até os professores, passando pelas instalações dos prédios. É tudo experiência.
Claro que, entre livros e artigos, também estou aproveitando todas as oportunidades de sair, conhecer outros lugares, outras pessoas, viajar e tudo o mais. Neste fim de semana que passou aluguei um carro com mais quatro amigos e dirigimos trezentos quilômetros para o sul. Lagos, Algarve. Maravilhoso. Daqui a pouco faremos a mesma coisa para o norte. Depois cruzaremos as fronteiras... o céu é o limite!
Mês que vem tenho três viagens já fechadas: Milão - Marraquexe - Londres. Em dezembro quero mais... descobri que viajar é a melhor forma de gastar em euros sem se arrepender! Tudo vale a pena!
Criei esse blog pra poder documentar e dividir uma centelha do que estou vivendo aqui. É bom pra mim, que exercito a arte que tanto gosto de escrever, e bom para os meus queridos do Brasil, que têm agora mais um meio de saber o que tenho feito.
Vou tentar postar novidades sempre que puder.
Leiam e comentem sempre que puderem também.
Beijos alegres e animados com o que está por vir!
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