Mal voltamos da Espanha, já era hora de partir para a Itália. Minha bela Itália, ah!, que sonho! (Vô Nicolino ficaria feliz...)
O caminho a percorrer era longo, primeiro tínhamos que ir de Lisboa a Porto (quase 4 horas de ônibus), depois da estação de Porto até o aeroporto (mais pelo menos meia hora), de lá pegaríamos um avião para Bergamo (2 horas e 40min), de Bergamo para Milão, outro ônibus (1 hora) e pronto, chegamos.
Tudo correu bem na ida, chegamos ao hotel perto de meia noite, deixamos a bagagem e fomos caçar alguma coisa para comer. Um friiiio... seis graus, a cidade parada, quinta feira de madrugada, nada estava vivo. Encontramos, finalmente, uma lanchonete turco-italiana que vendia pizza e kebab. Optamos pelo kebab, que estava com cara melhor, junto com batatas fritas (o pão nosso de cada dia) e coca-cola. A princípio, ninguém se entendia. O turco não falava inglês, nós não falávamos italiano. No final, deu tudo certo, fomos misturando um português com sotaque italiano com palavras básicas do inglês. Eu ainda arrisquei umas palavras em turco – que aprendi com meus amigos turcos de Lisboa – mas não passou de “oi, tudo bem, como vai”. Ok, pedida a comida, sentamos, só tinha a gente, eu, Bruna, Paula e Gui. (Siiiim, o Gui foi pra Milão com 3 mulheres! Tadinho... logo Milão, com todas as lojas que, como sereias, parecem cantar e encantar a gente, fazendo-se impossível não entrar.) Enfim, pelo meio da refeição, entram 4 caras mucho locos falando um inglês engraçado e rindo de tudo. Quatro suecos bêbados, mas muito divertidos! Foram para Milão para fazer auditoria em um congresso e, àquela altura, não sabiam pra que lado ficava o hotel. Um deles comprou um megafone para gravar insultos de estrangeiros em todas as línguas possíveis e pediu pra gente xingar algo em português. Como somos todos tímidos e polidos, não o fizemos, claro. E ele, claro também, começou a apurrinhar falando coisas incompreensíveis no tal megafone, perturbando a paz pública. Mas tudo bem, foi divertido. Um deles era casado com uma espanhola e começou a falar em espanhol com a gente quando soube que éramos brasileiros. Eu ainda peguei meu prhasebook que contém utilidades em 14 línguas, procurei a parte sueca e arrisquei umas palavras. Moral da história: a certo ponto, estando há menos de 2 horas em Milão, já havíamos falado português, inglês, turco, italiano, espanhol e agora sueco. Adoro a globalização!
Voltamos para o hotel para descançar um pouquinho e acordar cedo no dia seguinte. Assim o fizemos, com algum protesto pois a cama estava quentinha e confortável, mas acabamos combatendo a preguiça e saímos logo. Paramos para tomar café numa padaria espetacular, onde comi um panini divino (pão de azeitona – a melhor massa de pão que já comi – com salame e mais alguma coisa) pela miséria de 1 euro! Seguimos para o centro, parando em algumas lojas pelo caminho, como era de se esperar. A certo ponto chegamos a uma avenida só de grifes... babei: Dior, Prada, Louis Vuitton, Gucci e cia ltda. O mais engraçado é que, ao final de todo esse luxo, dava pra ver, na esquina da avenida, o Duomo, a Catedral de Milão.
Inimaginável, indescritível. Não dá pra expressar em palavras ou fotos, tem que se estar lá. A catedral é fantástica, compete com a de Compostela. Sem dúvida, é o que há de mais belo em Milão. Aliás, Milão é legal, mas tirando as lojas e a Catedral, não tem mais nada demais, à exceção de alguns museus interessantíssimos no Castello Sforzesco. Voltando à catedral, passamos um tempo lá dentro, apreciando sua beleza inenarrável. Depois, lembramos que precisávamos comer! Mc Donalds, pra que te quero. Pra mim, dois cheesburguers, dois milkshakes (um de fragola, um de ciocolatto) e uma patatine picolo. Cada coisa custa um euro, então, com cinco, fizemos um banquete! “Comi demais”, foi o que pensei pelo resto da tarde. Continuamos andando pela cidade, descobrindo lugarezinhos interessantes, mas logo logo escureceu, pelas cinco da tarde, e resolvemos voltar cedo para o hotel, passando antes pela estação central, para comprarmos passagens de trem para Gênova para a manhã seguinte.
Depois de uma banho pelando e um descanço de umas horinhas, saímoos, eu e Guilherme, em busca de um orelhão para falarmos com nossos amados do outro hemisfério. Na volta para o hotel, passamos por uma pizzaria. Levamos uma de volta para o hotel e comemos todos juntos. Claro que uma não foi suficiente, então o Guilherme voltou e comprou outra. Que delícia... a massa era deliciosa, o queijo também... tudo era divino!
Dormimos assistindo tv e no dia seguinte levantamos cedo para ir pegar o trem. Apesar de não acharmos a plataforma e entrarmos no trem faltando dois minutos para ele partir (aliás, isso aconteceu no avião de ida e volta também!), no final, entre mortos e feridos, deu tudo certo. Duas horas depois, estávamos em Gênova! Que cidade linda... uma gracinha mesmo, construída em níveis, uma camada em cima da outra, de frente pro mar. Não estava tão frio quanto em Milão, graças a Deus. Passamos o dia todo andando pela cidade (aliás, o que mais fizemos nessa viagem foi andar), parando no Mc Donalds de vez em quando para recarregar as energias. Andamos, andamos, andamos, começou a chover, começamos e cançar, Bruna começou a ter enxaqueca, então voltamos para a estação. A errada, a princípio. Mas depois fomos para a certa, de táxi. Aviso aos navegantes: táxi, na Itália, é caro pra c...! Minha amiga pegou um táxi de Roma (centro) ao aeroporto e pagou quase 100 euros. Outra conhecida correu 10 minutos pela cidade e pagou 60. Nós o pegamos por menos de 3 quilômetros e pagamos mais de 10. Enfim, chegamos à estação certa, adquirimos os bilhetes e esperamos até a hora de embarcar, não sem antes comer um croissant de chocolate!
De volta a Milão, fomos ao restaurante onde havíamos comprado a pizza na noite anterior, dessa vez para uma pasta italiana! A galera comeu carbonara, eu, gnocchi ao pesto. Ainda pedimos um prato de camarão, lula e peixe fritos. E foccacia, claro! De pança cheia e aquecidos, voltamos ao hotel. A manhã seguinte seria nossa última pela cidade. Acordamos pelas nove e fomos dar mais uma volta, tentar chegar até o castelo que não conseguimos ver nos dias anteriores. E lá fomos, debaixo de chuva. O castelo era bonito, mas lindos mesmo eram os museus do castelo. Diversas exposições, cada uma mais linda que a outra. Prevendo que nos desencontraríamos, até porque eu era a única historiadora dali, ou seja, a única que realmente fica horas babando nos quadros, olhando tudo nos mínimos detalhes, combinei com os outros três de nos encontrarmos em tal lugar caso nos separássemos. Como se fosse profecia, é claro que nos separamos. Assim que eu percebi que não estávamos mais no mesmo museu (eram vários), desci para o ponto de encontro. Ninguém estava lá. Fiquei mais um pouco, andei para a entrada para ver se estavam por lá, voltei para o ponto de encontro e nada. Vale ressaltar que ninguém tinha telefone e que em menos de duas horas tínhamos que estar dentro do ônibus de vola para Bergamo. Pensei, depois de esperar mais uma meia hora: “devem ter ido para o hotel e estão me esperando lá, pois estamos em cima da hora e essa seria a coisa mais lógica a fazer”. Peguei então um metro e fui para o hotel. Chegando lá, vi que as malas ainda estavam na recepção, ou seja, eles não haviam chegado. Era uma e meia da tarde e nosso ônibus era às duas! Troquei algumas palavras com a recepcionista/dona do hotel e ela disse que eles realmente não haviam passado por lá. Esperei mais quinze minutos e decidi que eu iria embora sem eles, pois não podia perder meu vôo. “Pqp, eu fiquei com todas as passagens de avião de todo mundo e os tickets do ônibus também! Se eu for embora sem eles, eles vão me matar!” Por inspiração divina, me veio a brilhante idéia de deixar um bilhete com as passagens na recepção, afinal, eles teriam que voltar para o hotel para buscarem suas coisas de qualquer maneira. Deixei lá tudo, parti sozinha e preocupada (com eles, não comigo) para mais uns cheesburgeres no Mc Donalds e fui para o ônibus. Resolvi pegar o de 14:30h, sendo que demoraria uma hora até o aeroporto e nosso portão fechava às 16:35. Ou seja, o horário era apertado e o ônibus de 14:30h era o último que tínhamos que pegar, se não quiséssemos perder nosso aviãzinho.
Esperei até o último minuto, desisti, entrei logo no ônibus, convencida de que voltaria para Lisboa sozinha. Mais uma vez, faltando dois minutos para o ônibus sair, com o motor já ligado, vejo os três chegando esbaforidos. “Eu vou matar vocês!” Acabou que, quando eles perceberam que havíamos nos separado no castelo, resolveram continuar olhando as exposições me procurando e só desceram para o ponto de encontro uma hora depois de mim, pouco depois de eu já ter ido embora. Chegaram no hotel mais de duas da tarde e foram correndo para a estação.
Enfim, conseguimos chegar ao aeroporto a tempo e voltar são e slavos. Nosso vôo foi razoável, falamos besteiras a viagem inteira pra passar o tempo e demoramos muito pra chegar à estação que precisávamos para pegar o ônibus, depois que saímos do avião. Viajar é ótimo, mas cansa, especialmente os trajetos e as horas e mais horas perdidas em locomoção. Já havíamos passado 16 horas sentados em transportes num período de três dias e ainda havia mais pelo menos quatro até Lisboa. Estas quatro foram, sem dúvidas, as mais cansativas. Vim sentada ao lado de uma pessoa insuportável que falou no telemóvel as exatas quatro horas da viagem, sem desligar. Tudo bem que a vida dela até que era interessante, mas eu realmente queria paz. Além disso, o ônibus fazia algumas paragens que demoravam e ainda tivemos que passar por uma revista, não sei bem porque, mas que nos prendeu ali por alguns longos minutos...
Chegamos, finalmente, a Lisboa faltando dois minutos para fechar o Metro. Ainda pensei que tivesse perdido meu passe e tive que “pular a roleta” (não é bem isso que se faz, mas o sentido é o mesmo). Depois achei o passe, graças a Deus. Fui pra casa morta e ainda debaixo de chuva. Quando pensei que poderia finalemnete descansar, lembrei de um trabalho que teria que ser entregue impreterivelmente até o dia seguinte, e lá fui eu ler a historiografia francesa do século XX e fontes portuguesas e brasileiras do século XVI. Já eram mais de três quando o sono me venceu e decidi dormir um pouco até as sete pra depois acordar e estudar de novo. No final deu tudo certo, li tudo, escrevi, acabei o trabalho e, honestamente, até achei que ficou bom! Descansei mais um pouco durante o dia e de tarde fui com minhas amigas ao shopping, ver um filme (Ah, não! De novo tu!), comer, jogar no playcenter (sim, eu sou crian ça) e, no final do dia, beber uma cerveja.
Mais uma viagem, mais cultura, mais novidade. Está sendo incrível passar por isso tudo aqui, ver tanta coisa, conviver com tanta gente. Eu realmente me sinto muito próxima das pessoas com quem tenho andado, como se fôssemos todos amigos de décadas... galera, minhas viagens não seriam a mesma coisa sem vocês! Obrigada pelo companherismo e pela paciência... já temos mais duas planejadas, mas isso é só o começo! O céu (ou o visa travel money) é o limite! Vamos? Vamos!
Brasileiros, mando mais notícias diretamente do continente africano... Próxima parada: Marraquexe. Muita curiosidade, muitas expectativas... Até breve! Arrivederci!
A beleza da Catedral é mesmo indescritível...
ResponderExcluirMas é tudo muito bonito, muito belo e a conclusão que a gente chega é que tudo isso acostuma.
Que a gente quer mesmo são as coisas da gente, a casa da gente, as pessoas da gente...
As nossas referências são o que ainda nos animam, fortalecem e nos dão alegria... a algeria que fica. O resto passa na frente, igual turista no museu.